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terça-feira, 23 de novembro de 2010

Quem dá mais? O leilão continua...


Engraçado como mesmo em um lugar sem lugar, repleto de virtualidades e efemeridades, leitores que são denominados “usuários” e que em cima do pescoço carregam não um rosto, mas um avatar... Enfim, engraçado como até promessas feitas num B-L-O-G podem valer alguma coisa. Bem, estou aqui para pagar a bocagem prometida: sobre a arte redentora. O redemoinho que eu mesma causei quase me devora, mas vamos lá...
De quem e de quê a arte redime? Ao artista – me veio a primeira resposta – redimido ao encontrar na arte a maneira mais livre e plena de exercer sua criatividade. Mas, do outro lado do quadro, eis que encontramos um sujeito, espectador, redimido pela “iluminação do mundo e de si” que pode ser a arte daquele artista, este querendo ou não. (Agradeço ao Ed os comentários no primeiro texto).
Assim, podemos pensar que a qualidade de redenção não está apenas no “fazimento” da música, do poema, do filme, mas na impressão, apreensão, imersão que sons, letras, cores, luzes provocam no sujeito que ouve, lê, sente, cheira. Pouco importaria, assim, se a peça usufruída fosse reprodução, repetição, indústria cultural, o diabo!, se ela tocasse o sujeito. Este que busca ali não O belo, mas um belo. Subjetivo, sim. E ligado a trajetória dele.
Entretanto, repetição-reprodução tem um acionamento limitado, digamos subjetivista, parcial, que não mobilizaria desse sujeito a totalidade de suas possibilidades de sentir o belo – ou o grotesco, o que seja. Não estou fazendo aqui a defesa de uma arte que independe do seu público, mera ostentação, espírito bem aristocrata por sinal, arte pela arte. Mas de uma arte autêntica, não no sentido de originalidade irrestrita, mas de uma arte “sincera”, ligada a suas origens, ao seu criador e, ao mesmo tempo, potencialmente universalizável.
Aqui, entra arte abstrata,concreta, moda de viola, de rua, teatro de homens ou de bonecos, orquestra sinfônica, de câmara, de pífano, dança, poesia, cordel, prosa, blog. Desde que tivesse aquela vontade de fazer “abrir as janelas da vida”, de quem faz, de quem sente.



(foto retirada do site português www.teatromicaelense.pt)

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