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domingo, 3 de outubro de 2010

E o leite mau na cara dos caretas


Não sei porque cargas d´água me veio por esses dias uma lembrança de minha terra natal. De uma época em que minha pequena cidade era circundada mais por minérios do que mineradoras. Lá, nesse tempo e espaço passados, política era uma coisa muito estranha. Dos 20 anos que vivi naquela terra, vi 2 homens prefeitos. Antes de eu me dar por gente, eles já deviam brincar de dança da cadeira no excelentíssimo gabinete municipal. Engraçado que entrava e saía eleição, mudava-se apenas o tipo de corja que cada um dos dois levava consigo para, como diziam os mais ou menos críticos, “mamar nas tetas”. Assim, trocavam-se apenas as peças dos cabides de empregos, que se estendiam por uma longa arara de incompetência e interesse. Lembro então agora que votar era uma questão de escolher um dos dois personagens/personalidades, entre “o que rouba mas faz” e “o que rouba mas pensa”. E escolher, assim, qual grupo ocuparia os cargos de (des) confiança. Hoje ainda me esforço para recordar sob quais siglas cada um desses homens se disfarçavam – acho quer PL e PSDB – mas como eu quero dizer aqui, isso não fazia lá muita diferença. Quando cresci, descobri que isso não era uma particularidade daquela terrinha, mas um tipinho muito generalizado da política de nosso “Brasil profundo” – e também do "raso".
Qualquer semelhança não deve ser mera coincidência. Como dizem muitos por aí, até mesmo os cidadãos mais distraídos, escolher entre o azul , o vermelho e o verde tem um sentido meio "bobo" esse ano. Vamos às urnas votar em uma personalidade e sua respectiva corja, chamada de equipe, aliados, ou qualquer sinônimo que nomeie os ocupadores dos cabides. Claro, não significa que não faz diferença ter o “Zé” ou “a mulher do presidente” na direção de nosso país. O problema é que, com uma campanha pautada em qualquer coisa menos projeto de governo – o que torna logicamente impossível haver “debate” na TV, mas apenas uma conversa de surdos – fica, digamos, a “sensação” de que hoje vamos escolher qual elite vai nos sugar e qual cara feia a gente prefere ver por mais tempo, pelo menos pelos próximos 4 anos.
Igualzinho era na minha terra natal...