Moro em Juiz de Fora. Quem mora aqui, ou por aqui transita com regularidade, sabe que a cidade está em obras. Nesse caso, vê-se por toda parte avisos como “desculpem-nos o transtorno, estamos em obra para melhor atendê-los”. O que, em outras palavras, quer dizer que estão desorganizando o cotidiano para, quando ele voltar à “normalidade”, a gente pense que ficou tudo lindo. A obra em questão consiste em asfaltar ruas asfaltadas. E ela não custou barato, acreditem.
Dois fatos – quase imperceptíveis – chamam a atenção para o que está acontecendo. O primeiro deles é que, apesar de termos aqui na cidade uma empresa pública que faz serviços de pavimentação, estamos pagando uma empresa privada de Uberaba para fazer o tal serviço. O segundo fato... Bem, o segundo fato merece um parágrafo à parte.
Quem passa na rua Olegário Maciel pode ver – ou não – algumas faixas alertando os pedestres e motoristas sobre os transtornos da obra. O aviso – não sei se por descaramento ou distração – diz que, naquele ponto (o MAIS ALTO DOS ARREDORES DO CENTRO da cidade), a obra vai solucionar o problema dos PONTOS DE ALAGAMENTO.
Pontos de alagamento? É isso mesmo?
Sim. Pontos de alagamento. Num alto de morro no qual água nenhuma resiste à tentação de rolar ladeira abaixo.
Isso me lembrou a fábula do rei nu. Algum alfaiate espertinho quis – e conseguiu – se aproveitar da vaidade do rei para vender-lhe uma roupa feita de tecido invisível. A justificativa do alfaiate: só vê quem é inteligente!